Liderança yanomami acusa garimpeiros de violentar e levar à óbito menina de 12 anos

Na última segunda-feira(25), o presidente  do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'Kuana (Cindisi-YY), Júnior Yekurari Yanomami postou em seu Twitter um vídeo denunciando a morte de uma menina yanomami de 12 anos que foi estuprada por garimpeiros, segundo relatos de moradores.
Júnior Yanomami, em vídeo no twitter, relata informação que recebeu de menina que morreu após ser violentada por garimpeiros(Foto:Reprodução/JovemPan)

"Conforme vídeo, recebi a informação hoje (25/04 às 20hs), que uma adolescente de 12 anos foi violentada brutalmente por garimpeiros na região do Palimú,uma criança de 4 anos que estava com a mesma, caiu do barco que estavam", tuitou Júnior.


A comunidade onde isso aconteceu é o maior território yanomami do Brasil e está localizado em uma área de difícil acesso, no estado de Roraima.
A criança de 4 anos que estaria com a adolescente, teria caído no rio , quando a tia da menina tentou resgatá-la, porém a criança ainda não foi encontrada.
Um relatório divulgado pela Hutukara Associação Yanomami, chamado 'Yanomami sob Ataque', com pesquisadores indígenas, mostrou a situação da região. Segundo o relatório, as comunidades indígenas do local tem vivido o pior momento da expansão de garimpos ilegais dos últimos 30 anos. 

Os índios relatam violência, abusos sexuais de mulheres e crianças, doenças contagiosas transmitidas pelos garimpeiros, devastação da floresta e danos aos rios.


Os anciãos das comunidades dizem que quando pedem comida para os garimpeiros, eles pedem as meninas yanomamis como moeda de troca.
As mulheres mais velhas e as crianças sentem medo o tempo todo, e há violência entre os jovens  por causa do abuso do álcool.


Os índios da região temem passar fome e o avanço dos garimpos m seus territórios, são muitos relatos de situações de violência e abuso.
                      Índios relatam o que a presença de garimpeiros tem causado em seu território(Foto: Reprodução/Instituto Sócio Ambiental)

O Ministério Público Federal, a Polícia Federal, o presidente do Cindisi-YY, Júnior Yanomami e representantes da Funai chegaram à região hoje para investigar as declarações e levar o corpo da adolescente para a capital Boa Vista, para que seja feita uma autópsia no corpo da garota e verificar o que realmente aconteceu.


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Os confrontos entre os povos yanomamis e garimpeiros são antigos. Em 1993 houve uma chacina na aldeia Haximu onde garimpeiros invadiram a aldeia e mataram mulheres, idosos e crianças, enquanto os homens estavam em outra tribo. 


No ano 2000, 4 garimpeiros foram condenados sob a acusação de genocídio, pois o juiz entendeu que, mais do que homicídio, o que aconteceu foi uma tentativa de exterminar um povo.